Finanças Pessoais

Economizar é Acumular?

Muitas pessoas se perguntam se o hábito de poupar não é algo condenável.

Este questionamento estaria embasado em pelo menos dois aspectos: um de natureza prática, e outro, mais conceitual.

O conceitual teria como base bíblica o ensino de Jesus de não acumular tesouros na terra, e sim nos céus (Mateus 6:19-21).

O prático procura argumentar que, se tenho necessidades hoje, porque deveria guardar dinheiro para gastá-lo no futuro? Este argumento também poderia ser usado apontando-se as necessidades presentes de outras pessoas. Por que guardar quando há tantas necessidades (e desejos!) ao nosso redor?

Economia para Suprir Necessidades

É importante que o leitor entenda que, para suprir nossas necessidades e até mesmo nossos desejos, precisaremos contar com duas possibilidades, as quais chamo de: poupança interna ou poupança externa.

Um exemplo prático: Você vai necessitar trocar seu carro daqui a três anos. Então, ou você economiza (poupança interna) durante os próximos três anos para ter os recursos para adquirir este carro ou terá que se endividar (poupança externa).

Devemos entender que, quando economizamos para suprir uma necessidade, não estamos acumulando, no sentido em que Jesus condenou. Pelo contrário, estamos administrando corretamente parte dos recursos que Deus coloca sob nossos cuidados.

Salomão já dizia: “O homem de bom senso economiza e tem sempre bastante comida e dinheiro em sua casa; o tolo gasta todo o seu dinheiro assim que o recebe”. (Provérbios 21:20-BV).

Exemplo Elogiável de Economia

Um exemplo clássico de economia é o que encontramos em José (Gênesis 41:28-36).

Houve sete anos de fartura no Egito, com extrema abundância de colheitas. Logo depois vieram sete anos de fome rigorosa. José, que interpretou o sonho de faraó, foi um hábil administrador e pode, com sua percepção e sabedoria, suprir as necessidades dos egípcios, como também dos povos das terras vizinhas, pois havia fome em todas as terras.

Poderia-se argumentar que este foi um caso único, que não voltou a se repetir. Contudo, eu diria que, de uma forma ou de outra, sempre passamos por períodos de abundância e de escassez. Por isso é sábio economizar e não comprometer todos os recursos durante este período, para que possamos suprir as necessidades durante os tempos de escassez (perda de emprego, redução salarial, etc.).

Exemplo Condenável de Acumulação

Um exemplo clássico de acumulação condenável é o descrito na parábola do rico insensato (Lucas 12:13-21). Suas terras haviam produzido muito, e ele, não tendo onde armazenar toda a sua colheita, derrubou seus celeiros e construiu outros maiores, e disse a si mesmo: “Você tem grande quantidade de bens, armazenados para muitos anos. Descanse, coma, beba e alegre-se”. Contudo Deus lhe disse: “Insensato. Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?” E Jesus concluiu: “Assim acontece com quem guarda para si riquezas, mas não é rico para com Deus”.

Ao contar este caso, Jesus salientou a importância de uma administração financeira equilibrada, onde as economias devem ser concomitantes com o dar e o gastar sabiamente. Não foi o caso deste rico insensato, que concentrou toda a sua riqueza para si mesmo, pondo nelas sua confiança. “Ordene aos que são ricos no presente mundo que não sejam arrogantes, nem ponham sua esperança na incerteza da riqueza, mas em Deus, que de tudo nos provê ricamente, para a nossa satisfação”. (1 Timóteo 6:17- NVI)

Concluindo

O economizar equilibrado deve ter como meta o suprimento de necessidades futuras, e não é condenável. Pelo contrário, a Bíblia nos estimula a planejarmos para o futuro.

Ao economizarmos (poupança interna) estamos fazendo uma administração sábia dos recursos que Deus coloca sob nossos cuidados. Do contrário, se não economizarmos, teremos que, em algum momento contar com recursos de terceiros (poupança externa), que implicará em endividamento, com pagamento adicional de juros e comprometimento de nossa liberdade financeira.

 

FONTE: Paulo de Tarso

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