Aposentando seus velhos conceitos sobre aposentadoria
O termo aposentadoria significa, entre outras coisas, o “afastamento (de uma pessoa) do serviço ativo, após completar os anos estipulados em lei para exercício de atividade ou, antes deste prazo, por invalidez.”[1]
Burket apresenta um estudo da Universidade de Harvard. Segundo ele
a pesquisa envolveu dois grupos de pessoas formadas naquela Universidade, cuja idade variava entre 65 e 75 anos. Um grupo de cem homens se aposentou aos 65 e outros cem continuaram a trabalhar até os 75. (Para diminuir os fatores varáveis, a pesquisa excluiu os que haviam sofrido problemas graves de saúde antes dos 65) No primeiro grupo, sete em cada oito homens morreram antes dos 75 anos. No segundo grupo, aqueles que trabalharam até a idade de 75, só um em cada 7 homens havia morrido. A conclusão do estudo é que a aposentadoria precoce reduz consideravelmente a probabilidade de sobreviver por mais dez anos, por um fator de seis!.[2]
No mundo moderno, a aposentadoria tem sido um alvo importante para grande número de pessoas. Algumas razões poderiam ser apresentadas para esse fenômeno:
- As experiências relativas ao trabalho têm sido frustrantes para muitas pessoas. O início da aposentadoria, nesse caso, representaria a oportunidade de livrar-se de um trabalho penoso e sem significado, ou seja, a esperança de uma nova fase, onde a boa vida estaria se tornando uma realidade.
- Uma oportunidade de fazer o que realmente se gosta, sem a necessidade de se trabalhar por dinheiro, o que teria caracterizado a fase produtiva da vida, pelo menos no aspecto trabalho.
- Não necessidade de trabalhar para ganhar o sustento financeiro, que estaria assegurado através dos ganhos provenientes da aposentadoria.
A Bíblia não tece considerações detalhadas sobre aposentadoria. O único texto bíblico que toca no assunto é o de Números 8.23-26, e fala especificamente em relação ao trabalho dos levitas.
O SENHOR disse ainda a Moisés: “Isto diz respeito aos levitas: os homens de vinte e cinco anos para cima, aptos para servir, tomarão parte no trabalho que se faz na Tenda do Encontro, mas aos cinqüenta anos deverão afastar-se do serviço regular e nele não mais trabalharão. Poderão ajudar seus companheiros de ofício na responsabilidade de cuidar da Tenda do Encontro, mas eles mesmos não deverão fazer o trabalho. Assim você designará as responsabilidades dos levitas”.
Em vários textos, o livro de Provérbios apresenta o trabalho como um alvo importante a ser perseguido, e não recomenda parar de trabalhar em determinado momento da vida. Pelo contrário, a cessação do trabalho é quase sempre vista de forma negativa, como no caso da preguiça.[3]
Analisando a vida de personagens bíblicos, vamos verificar que vários deles trabalharam até o final de suas vidas, como é o caso de Moisés (Dt 34.7), Arão (Nm 33.39), Josué (Js 24.29), entre outros. A idade nunca deve ser impeditivo para o trabalho, principalmente quando consideramos que Deus tem um propósito para cada pessoa, e este deve ser cumprido até o último dia de nossa vida. Portanto, não é de admirar que a Bíblia praticamente silencie quanto o tema diz respeito a parar de trabalhar. Para mim, a implicação é a de que devemos trabalhar sempre, embora o ritmo de trabalho deva ser equilibrado para cada fase de nossa vida.
[1] HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001, p. 258.
[2] BURKETT, Larry. Negócios à Luz da Bíblia, 2004, p. 344.
[3] Ver Pv. 10.4, 12.11, 24, 27, 13.4, 11, 21.5, 22.29, 28.19-20
FONTE: Paulo de Tarso é pastor, engenheiro e mestre em teologia. Fundou o Ministério Finanças para a Vida, que ensina pessoas de todas as idades a administrar o dinheiro de acordo com a Bíblia.